Friday, January 3, 2014
A Lógica Alagoana no Oceano de Lama
Renan Calheiros pertence ao noticiário policial. Seu nome só aparece por causa de seus inúmeros crimes. Num país sério ele já estaria enjaulado há tempos. Na selva ele é simplesmente o presidente do Senado. Sua última cartada: usar recursos públicos como um avião da FAB para leva-lo ao Recife para implantar cabelos. A indignação de Luiz Garcia fala por todos nós:
Leitores, fiquem de cabelo em pé: o presidente do Senado deixou Brasília às custas do orçamento da FAB simplesmente para fazer um implante capilar. Como se o aumento da cabeleira fizesse dele um mais eficiente defensor do interesse público. Mais cabelo, melhor senador? É ridículo, é absurdo. Pior: trata-se de uma demonstração daquilo que Calheiros — e certamente muitos ocupantes de cargos e mandatos — acham muito natural: usar em benefício pessoal recursos do Estado.
O agora cabeludo presidente do Senado anunciou ter indenizado os cofres públicos em R$ 27 mil. Isso pode ter reduzido ou eliminado (não conhecemos o custo para o Estado de viagens capilares de senadores) o preço do voo. Mas o abuso continua de pé, assim como os cabelos da surpreendida opinião pública. Um representante do povo que compensa os cofres públicos de uma despesa absurda, mas só o faz depois que o episódio é revelado — lamento ter de lembrá-lo —, mais parece um representante de si mesmo.
A indenização depois de revelado o escândalo resolve apenas o problema financeiro. Nada impede que outros senadores ou deputados cometam abusos com os recursos do Estado. Se forem apanhados em flagrante, pagam as despesas; se escaparem ilesos, estão no lucro.
E nós no prejuízo.
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