Excelente artigo de Janer Cristaldo intitulado Embuste em Paraty, no qual critica a apologia da FLIP aos Stalinistas Graciliano Ramos e Picasso: N
a conferência de abertura desta 11ª Flip, na quarta-feira passada, o escritor amazonense Milton Hatoum saudou Graciliano Ramos como um escritor obsessivamente "autocrítico", pessimista ao ponto de questionar um cumprimento como "boa noite" e político responsável com relação a "gastos públicos". Tão autocrítico que não hesitou um segundo em receber um convite de Stalin para visitar Moscou. Em obsequioso agradecimento ao Paizinho dos Povos, escreveu Viagem (1954), onde manifesta sua reverência ao tirano.
Para o escritor alagoano, Stalin é o “estadista que passou a vida a trabalhar para o povo, nunca o enganou. Não poderia enganá-lo. Esforçou-se por vencer o explorador, viu-o morto - e seria idiota supor que, alcançada a vitória, desejasse a ressurreição dele. É, desde a juventude, um defensor da classe trabalhadora. Esta expressão, razoável há trinta e cinco anos, tornou-se desarrazoada, pois aqui já não existem classes”.
Graciliano está há poucos dias em Moscou, não fala o russo, tem roteiros rígidos de passeios e visitas, e já afirma peremptoriamente que não mais existe na Rússia uma sociedade de classes. Vista de nossos dias, sua afirmação é de uma ingenuidade atroz. Independentemente desta distância crítica, nada permite a um homem que pensa, fazer tais ilações generalizantes a partir de tão parca experiência do povo soviético. Sem falar que Graciliano nada entendia da língua russa.
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