Wednesday, December 13, 2017

Blaise Pascal: Deus é um Bem Público?

Pascal é um dos maiores economistas de todos os tempos, apesar de ser sobejamente desconhecido pelos seus pares [ímpares, seria a expressão apropriada]. Compreendia perfeitamente que os indivíduos são maximizadores de utilidade sujeitos a restrições, que suas escolhas ótimas geram equilíbrio, mas o equilíbrio é parcial e instável e caracterizado por trade-offs. Uma de suas idéias mais brilhantes é a concepção de Deus como o bem verdadeiro do homem [fonte da verdadeira felicidade], definido como um bem não-rival e não-exclusivo, i.e., um bem público: “Somente Deus é o verdadeiro bem, e, desde que o homem o abandona, é estranho qu enão haja nada na natureza capaz de lhe tomar o lugar (…) Quando perde o verdadeiro bem, tudo ao homem, indiferentemente, parece poder substituí-lo, até a sua propria destruição, embora tão contrária a Deus, `a razão e `a natureza inteira. Uns o procuram na autoridade, outros nas curiosidades e nas ciências, outros nas volúpias. Outros que, na realidade, mais se aproximaram dele consideram que é necessário que o bem universal, que todos os homens desejam, não esteja em nenhuma das coisas particulares que só podem ser possuídas por um só e que, sendo repartidas, afligem mais o seu possuidor pela falta da parte que não tem do que o contentam pelo gozo da que lhe cabe. Compreenderam que o verdadeiro bem devia ser tal que todos pudessem possuí-lo ao mesmo tempo, sem diminuição e sem inveja, e que ninguém pudesse perdê-lo contra a vontade (compreenderam-no, mas não puderam achá-lo, e, em lugar de um bem sólido e efetivo, abraçaram apenas a imagem vazia de uma virtude fantástica).” [Pensamentos, pp. 269-270].

1 comment:

Luciano Duarte said...

Pascal foi brilhante em absolutamente tudo o que se meteu a investigar.