A primeira epístola de João é o livro mais leve do Novo Testamento, sua mensagem de que Deus e seu filho Jesus Cristo são luz, vida e amor, é a mensagem mais otimista da Biblia e também a que se distingue mais claramente da mensagem do Antigo Testamento de que Deus é para ser temido e obedecido cegamente.
No amor não há temor, antes o perfeito amor lança fora o temor; porque o temor tem consigo a pena, e o que teme não é perfeito em amor.1 João 4:18
Vale ressaltar que a covenant mosaica é um produto da idade do bronze em que o pessimismo, as trevas da incerteza, o medo são inerentes ao dia a dia. As Epístolas datam de uma realidade tecnológica diferente, a idade do ferro e aço, e da pax Romana, caracterizada pela lei, ordem, e comércio internacional, enfim, um contexto comparativamente melhor, pois mais rico, pacífico e previsível que o experimentado pelos autores do Antigo Testamento.
Levando em consideração esses fatores a bizarrice do Apocalipse [Livro das Revelações] se torna ainda mais curiosa. O Apocalipse é o livro mais distinto e estranho do Novo Testamento e o mais próximo em temas, ameaças, bestialogia, maldições, pragas, e violência do Antigo Testamento. Nele Deus odeia, persegue, e promete matar os membros desobedientes das sete igrejas da Anatolia [hoje Turquia]- a perseguição mais brutal recai sobre a profetiza de Thyatira, provavelmente por reproduzir a concupiscência dos ritos gregos.- Um comportamento completamente enigmático e incompatível com a covenant [aliança] cristã.
Ambos os livros foram atribuídos a João, o apóstolo. É evidente que esses livros são de autores diferentes com visões de mundo diametralmente opostas. O otimismo, e a cooperação presentes na Epístola, guias para uma vida feliz em comunidade, e também para a gestão da Igreja, são substituídos no livro das Revelações pela imposição e achaque em que a luta pelo poder e manejamento da Igreja, através do temor e terror, é o substrato da mensagem.
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