A Hecatombe da Macumba, Sacrifícios e a Revolução Paulínea

Até a década de 80 macumbas pipocavam em todas as encruzilhadas brasileiras. Sempre havia uma galinha preta morta, seu sangue num pratinho, farofa, cachaça e velas acessas. Não havia um único subúrbio que não contasse com dezenas de terreiros. Desde então a religião básica do povo brasileiro que descende de índios e africanos foi dizimada. O que causou sua hecatombe?

Anecdotal evidence sugere o crescimento das religiões evangélicas. Onde havia os terreiros de Umbanda ou Candomblé há hoje igrejas evangélicas. Aparentemente houve uma completa substituição de uma religião por outra, o que explica a rápida expansão do evangelhismo.

Antes de 1980 a Igreja Católica mantinha o monopólio de religião oficial do país, mas ela tolerava e de certa forma influenciava os cultos primitivos, essa convivência foi chamada de sincretismo religioso brasileiro. Por sua vez é notório que as religiões evangélicas têm ojeriza a macumba.

Se o Catolicismo conviveu com esses cultos por 400 anos, porque as novas religiões protestantes acabaram com eles? A resposta é simples: São Paulo. Desde Lutero o protestantismo relevou e adotou as lições de São Paulo `a risca. Ele foi o responsável pela maior revolução religiosa do ocidente. Foi ele o responsável pela abolição de sacrifícios em rituais religiosos. Qualquer um que leia a Torah [Pentateuco] nota que parte substancial da Covenant Mosaica consiste em rituais com sacrifícios de animais como cabras e novilhos, sangue, fogo, libações de vinho, pães e farinha. Vale notar que esses elementos são essencialmente os mesmos da macumba. Os Sacerdotes da religião Judaica, que Moisés reservou como monopólio de sua tribo, os Levites, eram responsáveis pelo sacrifício dos animais, do espalhamento de seu sangue pelo altar, pão e farinha e pelo fogo que cozinhava o churrasco que se seguia.

Sacrifícios eram também a essência das religiões pagãs da Grécia e Roma. Sacrifícios e libações da Iliada se parecem com as narradas por Moisés. A diferença é que o churrascão grego era devorado por toda a congregação e sempre acabava em bebedeira e putaria.

São Paulo pregou principalmente aos Gregos, por serem o povo com maior cultura, mais ligado ao comércio internacional, mais tolerante e aberto a novas idéias, e com uma enorme diáspora que permitia alcançar e influenciar outros povos e centros econômicos importantes. Mas Paulo abominava as práticas religiosas Gregas, em particular a fornicação, comum em templos Gregos que sempre se seguia aos sacrifícios e libações.

A doutrina Paulínea é clara e aparece, curiosamente, em sua carta aos Hebreus, no capítulo 10. Nela Paulo argumenta que sacrifícios de touros e bodes não nos purifica dos pecados, apenas Jesus pode perdoá-los. E Jesus se sacrificou por todos os homens. A invenção Paulínea da Eucaristia, rito no qual a congregação comunga o corpo e o sangue de Cristo é ou deveria ser a parte mais importante de qualquer rito Cristão e, não por coincidência, é o sacrifício que substitui todos os outros Sacrifícios e ofertas, e holocaustos e oblações, Hebreus 10:8.

Paulo mudou radicalmente todas as religiões no ocidente, a prática pré-histórica de  sacrifícios foi substituída pela brilhante concepção abstrata e profundamente filosófica de que incorporamos Deus ao ingerirmos os símbolos da carne e sangue, da vida portanto, do Cristo sacrificado.