A Regra de Tinbergen e a Ambiguidade do Bacen

Literatura econômica não faz mal a ninguém, muito menos a um governo perdido em termos de políticas econômicas como o governo Dilma. Por exemplo, tem se tornado matéria comum criticar o Bacen por sua postura no mínimo complacente com a inflação. Alguns analistas, como Paulo Guedes, acertam na mosca quando dizem: O BC está atrasado em sua batalha contra as expectativas inflacionárias adversas. Segue indeciso pela falta de uma clara definição de seu mandato. Dividido entre manter o estímulo ao crescimento da economia com juros mais baixos ou tentar reverter a escalada inflacionária pela elevação dos juros, a tartaruga não consegue alcançar duas lebres ao mesmo tempo. O fato é que esse problema do Bacen, sua notável ambiguidade, é uma praga que infesta todos os bancos centrais. E é uma praga porque eles escolhem ignorar a literatura sobre o tema de controllability e a essencial regra de Tinbergen: o governo pode alcançar seus objetivos se o número de instrumentos for igual ou exceder o número de objetivos. No caso supracitado o Bacen tem dois objetivos, crescimento alto e inflação baixa e apenas um instrumento, a Selic. Claramente um pouco de Tinbergen e Theil nas veias ia ajudar: Tinbergen, J. (1952)On the theory of economic policy, Amsterdam: North Holland; Tinbergen, J. (1956) Economic policies: principles and design, Amsterdam: North Holland; Theil, H. (1964)Optimal decision rules for government and industry, Amsterdam: North Holland; Acocella,N., G. Bartolomeo and A. Hughes Hallett (2013)The Theory of Economic Policy in a Strategic Context, Cambridge: Cambridge University Press.