Saturday, December 10, 2011

Pimentel, "Naturalmente Porreta"

Celso Arnaldo Araújo vai fundo e escreve um excelente artigo sobre o talentoso ministro Pimentel: "Quando se escrever "Todos os Homens da Presidenta”, o livro noir sobre a degradante equipe ministerial do governo mais malfeito da história republicana, o capítulo dedicado a Fernando Pimentel talvez seja o mais recheado de espantos, apêndices e rodapés. O prólogo desse capítulo, ainda à espera de um epílogo decente, está sendo divulgado, a conta-gotas: entre sua saída da prefeitura de Belo Horizonte, em 2009, e sua oficialização como um dos homens da confiança da amigona Dilma, em 2010, Pimentel montou uma plataforma intermediária de prospecção de ouro negro, a “empresa de consultoria” P-21 — que faturou cerca de dois milhões de reais nos poucos meses que separam o ex-prefeito e conspícuo papagaio de pirata da candidata na campanha presidencial do futuro o poderoso ministro do “desenvolvimento” do governo mais “desenvolvimentista” dos últimos 510 anos. (...) E eis que emerge, da lista de fregueses da P-21, um case que deve passar a integrar os manuais de consultoria empresarial como a mais extraordinária demonstração de incompetência simbiótica entre contratante e contratado. A ETA Bebidas do Nordeste, microempresa com sede em Paulista, Pernambuco, pagou a Fernando Pimentel 130 mil reais, ou 10 meses do que viria a ser seu salário líquido de ministro, por “prestação de serviços de análise econômico-financeira e mercadológica de seu plano de investimentos”. O pomposo nome do serviço parece justificar a polpuda remuneração, não fosse um detalhe: a ETA tem como único produto um refresco de guaraná chamado Guaraeta, vendido em copo de plástico, cujo lema é “naturalmente porreta”. Repetindo: o Guaraeta não chega nem a ter o status de um prosaico guaraná — é um refresco vendido em copo de papel, com menos extrato, mais água, mais açúcar. É bebida barata, consumida nas classes C e D de parte do nordeste, a menos de um real por unidade. Menos que uma tubaína. A ETA, por certo, é uma empresa modestíssima, paroquial – o que poderia querer de Pimentel em troca de 130 mil reais, como informa a nota fiscal em poder do ministro? Por que diabos uma empresinha da Região Metropolitana do Recife investiria uma vez e meia seu melhor faturamento mensal na “análise econômico-financeira e mercadológica” do segmento regional de refrescos feita por um ex-prefeito de Belo Horizonte? (...) O lulopetismo, que já demonstrou enorme expertise em todas as modalidades conhecidas de negócios suspeitos, descobriu novo filão, substituindo como itens à venda as obras que não faz pelo saber que não tem. O segmento mais promissor desse mercado é o superfaturamento de bens imateriais, como “consultoria” e “capacitação”. Cem por cento de lucro. Nenhuma despesa".

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