Em qualquer país sério do universo estes vagabundos apodreceriam na prisão. Na selva eles são eleitos e ocupam os cargos mais importantes da nação...
Roriz negociou contratação de genro de ministro do STF
Por Matheus Leitão, Felipe Seligman e Fernanda Odilla:
O ex-governador Joaquim Roriz (PSC-DF) negociou com o genro de Carlos Ayres Britto, do Supremo Tribunal Federal, um contrato que, na prática, impediria o ministro de julgar o caso da Lei da Ficha Limpa. O genro de Ayres Britto é o advogado Adriano Borges - ele mora sem união formal com a filha do ministro, Adriele, e eles têm um filho.
Se a negociação tivesse prosperado, Ayres Britto teria de se declarar impedido de julgar Roriz porque não poderia analisar um caso em que seu genro atua. Seu voto foi a favor da aplicação da Lei da Ficha Limpa contra Roriz, em julgamento apertado e que dividiu o tribunal na semana passada. O resultado foi um empate em 5 a 5 que fez Roriz desistir de sua candidatura e indicar sua mulher como substituta na chapa.
Em um vídeo ao qual a Folha teve acesso, gravado em 3 de setembro, Roriz e Borges discutem o impedimento de Ayres Britto. Oficialmente, o advogado fez parte da defesa de Roriz de 2 a 4 de setembro, e saiu justamente depois da discussão gravada. Borges afirma que é vítima de chantagem, e Roriz alega que foi extorquido.
À Folha, Ayres Britto afirmou que “não tem nada com isso” e que o genro deveria responder pelo caso. O vídeo tem uma 1 hora e 11 minutos de duração. Durante 37 minutos, a câmera registra uma sala com as luzes apagadas, na casa de Roriz. Em seguida, o ex-governador e Borges, naquele momento já seu advogado na causa, entram na sala e iniciam a conversa.
Seis minutos depois, Roriz pergunta: “Eu gostaria da sinceridade sobre o voto do seu sogro?”. Depois de balbuciar palavras desconexas, Borges responde: “Com isso aí ele não vai participar. Tá impedido”. Roriz continua: “Então é o êxito.” E o advogado responde: “É um êxito de certa forma”. O ex-governador sentencia: “Com isso, eu ganho folgado”.
Durante a conversa gravada, Borges tenta negociar os honorários e diz que já havia contratado uma equipe para trabalhar no processo. A Folha apurou que foram mobilizados cinco advogados. Roriz diz que não precisava de mais ninguém, somente da presença do genro do ministro.
Na gravação, como parâmetro para o valor cobrado pelos serviços, o advogado cita outra causa semelhante a de Roriz, na qual cobrou R$ 1,5 milhão de “pró-labore” e mais R$ 3 milhões “no êxito”. ” O ex-governador afirma não ter dinheiro e ainda diz que “antecipadamente não há a menor possibilidade” de pagar o que o advogado queria.
No final da conversa, Roriz oferece R$ 1 milhão para que Borges apenas conste na lista dos defensores. Não houve acordo porque o genro de Ayres Britto insistiu para ser o principal advogado da ação. Estando na lista ou assinando como defensor principal, a sua atuação levaria Ayres Britto a se declarar impedido. Em um caso anterior semelhante com o genro no STF, ele havia procedido desta forma.
Reinaldo Azevedo Comenta:
Como Roriz sabe que está gravando a conversa, ele vai dando corda para o outro se enforcar, o que Borges faz gostosamente. Há mais no vídeo do que o simples oferecimento de mão-de-obra especializada. O que se está negociando ali é o impedimento de Ayres Britto. A resposta dos ministro (ver abaixo) é, por enquanto, bastante insuficiente. A um ministro do Supremo, nesse caso, pede-se mais do que a expressão da decepção com o genro, a declaração da consciência limpa e o “não tenho nada com isso”. O quê? Pois é…
Dada a seqüência, não há como ignorar que resta a hipótese — e não estou acusando Ayres Britto de absolutamente nada; estou, reitero, expondo a lógica da coisa — de que Britto só participou do julgamento, com seu voto contrário a Roriz, porque o ex-candidato não aceitou pagar o valor pedido pelo genro. Tivesse aceitado, ainda que Britto ignorasse a atuação do tal Borges, não dependeria do ministro participar ou não: impedido estaria.
O resumo da ópera é que Borges pediu R$ 4,5 milhões pelo impedimento de Britto, e Roriz só topou pagar R$ 1 milhão. É claro que se abre outra janela perversa aí: ainda que à revelia do sogro, o genro transformaria a sua presença ou não no tribunal num ativo e tanto. No vídeo, ele fala em “outros casos” e pede “sigilo” para “outros políticos não ficarem sabendo”. Do que está falando? A coisa é muito grave.
Dúvida
No fim do segundo vídeo, Roriz inventa um verbo: “coisar”. Ele diz que “jamais coisaria” porque “não faço isso, não”. Que diabos será “coisar” na estranha língua dessa gente?
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