Wednesday, August 1, 2007

O Brasil não é o Romário

No seu excelente blog, Adolfo Sachsida explica porque o Brasil não é o Romário. Esse artigo precisa ser reproduzido integralmente:

Romário e o Mercosul

Adolfo Sachsida

"Lembro de Romário no Casseta e Planeta. O Bussunda perguntava: “e ai Romário, vai jogar em que time?” ao que o baixinho respondia “não sei não, só sei que vou ganhar!”. Temos que admirar Romário nesse ponto; ele quer ganhar tudo de par ou ímpar a cara ou coroa, quando perde fica mordido. Tenho pra mim que quando Romário era criança e tinha que escolher um time pra jogar ele sempre escolhia o melhor time, sempre escolhia os melhores jogadores. Motivo: ele queria ganhar, sempre. Essa é a característica básica de um vencedor, a busca constante pela vitória. Mesmo que isso não seja sempre possível. Olhando em retrospecto, noto que nem todas as crianças eram como Romário. Algumas preferiam escolher jogar em times fracos, escolhiam os piores jogadores para seus times. Motivo: para elas melhor do que ganhar era poder jogar. Para essas crianças, desprovidas de talento futebolístico, entrar no melhor time significava ficar eternamente no banco. Preferiam entrar nos piores times, pois lá podiam ser o craque em meio aos pernas de pau. Tais crianças nunca conheceram o sabor da vitória, tendo de se contentar com a ilusão de serem os melhores jogadores de seu time.

Tal como acontece com crianças também acontece com países. Existem aqueles com vocação para vitória e aqueles que se refugiam entre os pernas de pau. Alguns países procuram sempre estar entre os melhores, outros buscam a ilusão de ser o melhor dentre os piores. No futuro escreverei um blog mostrando minhas razões para ser contra a formação de blocos econômicos, mas por hora vamos analisar o time que o Brasil escolheu para fazer parte: Paraguai, Argentina e Uruguai. Talvez com o reforço da Bolívia e da Venezuela. Por que escolher tais países? Por que não tentar um fortalecimento dos laços com Estados Unidos e Canadá? Minha resposta é simples: o Brasil não é o Romário.

A Argentina acaba de suspender a exportação de trigo ao Brasil (por motivos de desabastecimento interno). Resultado: o preço do pãozinho no Brasil aumentou. Tivesse o Brasil o mesmo acordo que tem com a Argentina com os Estados Unidos, e a importação de trigo dos EUA teria alíquotas de importação mais baixa e a população brasileira pagaria menos pelo pão. Em resumo, para beneficiarmos os produtores de trigo da Argentina, o pobre brasileiro paga mais pelo pão. O mais irônico disso tudo é que o governo argentino não se incomoda em prejudicar seu “parceiro” brasileiro, basta que veja nisso uma oportunidade de ganhar popularidade interna".

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