Tuesday, January 24, 2017

A Contra-intuição de Akerlof, o Sapateiro e os Gnominhos Despidos

A teoria do salário-eficiência de Akerlof concebe o contrato de trabalho como uma troca parcial de presentes, as firmas decidem primeiramente pagar acima do salário de Mercado e esperam que os trabalhadores trabalhem mais do que usualmente. Evidentemente essa idéia de gift-exchange é contra-intuitiva se se leva em conta a oferta e demanda do mercado, pois ninguém é louco de pagar mais por alguma coisa do que o preço de mercado. Mas na academia há um excesso de demanda por resultados contra-intuitivos que só podem ser formulados pelos membros de um seleto clube, geralmente seus autores são considerados gênios e festejados como tal e Akerlof ganhou o prêmio Nobel. Akerlof diz que sua teoria faz sentido [AER, Maio 1984, 79-83] quando se consideram teorias do mercado dual de trabalho, da burocracia Weberiana, de grupos de trabalho e da equidade, teorias comuns na economia do trabalho [ou melhor, e por isso mesmo, do jabalho como mostrou Barro no JPE, 1989, 999-1001].

Há um conto pequenininho dos irmãos Grimm intitulado Os Gnominhos que é a contra-intuição da contra-intuição Akerlofiana. Nele um sapateiro empobrecido, mas temente a Deus, só tem couro para fazer um par de sapatos e vai dormir depois de orar. De madrugada uns anãozinhos serelepes e nus aparecem e fazem um belo par de sapatos com o couro. O sapateiro acorda de manhã, reza e ve o par de sapatos que vende por um bom dinheiro. Investe todo o dinheiro em couro, e compra o suficiente para fazer dois sapatos. A noite os gnominhos pelados fazem dois pares de sapatos. O sapateiro os vende e compra mais couro e a mágica se repete por dias a fio. O sapateiro prospera. Um dia fala para a esposa, vamos vigiar a oficina e ver o que acontece a noite. Daí vêem os gnominhos pululantes, felizes e pelados trabalhando com afinco fazendo seus sapatos. Sua esposa diz no dia seguinte: “precisamos mostrar nossa gratitude a eles”. Daí o casal decide presentear os gnomos. Ela faz roupas e o sapateiro faz uns sapatinhos para os midgets. Quando vêem os presentes os anãozinhos os vestem e cantam e dançam e vão embora sem trabalhar entonando em sibemol: “Espertos e bem vestidos estamos/E sapateiros não seremos mais”. Mesmo sem a ajuda dos diminutos gnomos o sapateiro enriquece e vive feliz ao lado da mulher.

Segue a dica dos nanicos peladinhos: formular um modelo de Mercado de trabalho em que o trabalhador decide primeiramente ofertar maior esforço do que o que é comum no Mercado e daí espera que a firma em contrapartida o recompense com um salário acima do de mercado. Quando isso acontece, o trabalhador vira picareta, mas mesmo assim a firma fica mais produtiva. Será que dá Nobel, ou você será achincalhado pela máfia de jênios?

1 comment:

samuel said...

fALTA dar o Nobel para as leis trabalhistas brasileiras e seu "enforcement" Esse seria a suprema desmoralização DOS PREMIOS NOBEL!