Friday, October 16, 2009

A Fábrica da Miséria: A Igreja Católica e o Comunismo no Brasil

Esclarecedora entrevista com André Falleiro Garcia, reproduzida no blog do Janer Cristaldo, sobre a comunização da Igreja Católica no Brasil: P - "O Partido Comunista Brasileiro é o pioneiro da reivindicação da reforma agrária no Brasil, desde os anos 20 do século passado. O que levou a CNBB, desde a sua fundação, a abraçar esta causa revolucionária comunista?"
R - "Seria forçado e não corresponderia à realidade brasileira afirmar, simplesmente, que o Partido Comunista (PC) se infiltrou na Igreja Católica e a dominou. Afinal, o PC brasileiro sempre foi um anão, uma coisa liliputiana mesmo. O que se passou, de certo modo, foi o contrário. A força propulsora da esquerda é que proveio do setor católico. Foi significativa a participação católica para a formação do Partido dos Trabalhadores (PT) e do Movimento dos Trabalhadores Rurais Sem Terra (MST). As Comunidades Eclesiais de Base (CEBs), nos anos 80, possuíam oitenta mil núcleos e arregimentavam um milhão e meio de ativistas. É a origem de incontáveis ativistas que se engajaram nas “causas sociais”. A Igreja Católica entrou na luta revolucionária, porque houve uma infiltração do esquerdismo em seu interior. O clero esquerdista reuniu leigos e organizou movimentos sociais, os quais, por sua vez, promoveram a agitação social. E essa infiltração ideológica não pode ser atribuída exclusivamente ao PC. Na realidade, desde os anos 50, seminaristas e sacerdotes novos iam à Europa fazer cursos e completar sua formação religiosa. Em geral, voltavam convencidos das idéias esquerdistas. E aqui começavam a colocar em prática os novos métodos de ação apreendidos no exterior. Não se pode desconsiderar, entretanto, a possibilidade de certa infiltração propriamente comunista na Igreja"
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1 comment:

Anonymous said...

Na verdade todas estas análises são short-sighted. Os pequenos detalhes não importam, o que vale é a estratégia geral.

Para entendê-la devemos nos perguntar, em que ocasiões a Igreja Católica se deu realmente mal depois de ter virado status quo?

A resposta é: nas grandes revoluções "populares",como a francesa na qual centenas de bispos mortos, na russa e na chinesa, nas quais a religião foi banida pelo estado.

A estratégia então é ficar próxima desses movimentos potencialmente revolucionários, para amenizar sua reação (contra a Igreja) caso eles cheguem ao poder. Vocês acham que o MST ou os índios da Bolívia vão tomar alguma atitude contra a Igreja caso cheguem ao poder?

Na América Latina existe ainda um outro elemento: o crescimento das igrejas pentecostais. Os bispos católicos sabem que uma mistura de bolivarianismo (ou petismo) com os crentes seria tenebrosa para a sua religião e sabem também que estes grupos de esquerda são geralmente guiados por alguma espécie de "caveman logic", sendo assim muito suscetíveis a embarcar em fanatismos sem base lógica. Portanto, "antes que algum aventureiro lançasse mão" o movimento eclesial de base ocupou este espaço.

Assim, ao contrário do que é suposto neste post, não foram os esquerdistas que se infiltraram na Igreja Católica, mas justamente o inverso.

Rogê