A professora Maria Emilia Prado, em um excelente artigo publicado na revista Intellectus, resume duas obras importantes sobre o Brasil: Oliveira Vianna, Populações Meridionais do Brasil e Paulo Prado, Retrato do Brasil, Ensaio sobre a Tristeza Brasileira.
Em 1920 Oliveira Vianna expressou pela primeira vez o dilema do liberalismo no Brasil. Não existe um sistema político liberal, sem uma sociedade liberal. Isso se deve ao “regime de clã, como base da nossa organização social, (...) dada a inexistência, ou a insuficiência de instituições sociais tutelares e a extrema miserabilidade de nossas classes inferiores". Esse regime patriarcal ocasiona a "Despreocupação do interesse coletivo, ausência de espírito público, de espírito do bem comum, de sentimento de solidariedade comunal e coletiva, carência das instituições corporativas em prol do interesse do ‘lugar’, da ‘vila’, da ‘cidade’".
Para Paulo Prado,"A melancolia dos abusos venéreos e a melancolia dos que vivem na idéia fixa do enriquecimento - no absorto sem finalidade dessas paixões insaciáveis -são vincos fundos na nossa psique racial". Essa "tristeza era o traço definidor do caráter brasileiro. Na realidade, pode-se compreender essa tristeza não apenas como sendo um estado d’alma, mas sim a representação da ausência, na sociedade brasileira, do espírito empreendedor que caracterizava os povos anglo-saxões". Os desmandos da luxuria e da cobiça "desenvolveram-se no desenfreamento do mais anárquico e desordenado individualismo". A visão pessimista de Prado conclui que "Apesar da aparência de civilização, vivemos assim isolados, cegos e imóveis,dentro da própria mediocridade em que se comprazem governantes e governados".
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