Wednesday, December 31, 2014

Lênin e o Egito Antigo: O Partido ou o Ditador como Deus

Lênin criou um monstro: A ditadura do proletariado. A ditadura do proletariado nada tem a ver com o povo, os trabalhadores, o proletariado, ela é a ditadura do partido comunista, e a ditadura do partido comunista é a ditadura dos seus líderes que sempre converge para a ditadura absoluta do seu líder [e.g., Stalin, Mao, Pol Pot,…]. A fonte de poder é o líder, o ditador, sua vontade é o poder total, não há espaço para regras gerais e comportamento ético, tudo pode mudar segundo suas preferências. Evidentemente isso afeta o comportamento dos indivíduos e sociedade como um todo que por temor do terror do Estado, exercido para manter o poder do ditador, agem com uma racionalidade limitada, oportunista, independente de um código de ética tradicional. Basta ler qualquer grande autor que viveu sob ditaduras comunistas como Solzhenitsyn, Kundera ou Herta Muller, para verificar a imensa corrupção de uma sociedade sem princípios éticos, que vive sob o terror totalitário. Interessante, no Egito antigo cada rei era um novo Deus renascido, uma fonte nova de leis. O Egito antigo jamais teve um código de leis, como as civilizações contemporâneas, as da Mesopotâmia, por exemplo. Todo o poder e todas as leis emanavam do rei-deus. Uma consequência dessa estrutura política de poder e força segundo o artigo de John A. Wilson (1954) Authority and law in Ancient Egypt, Journal of the American Oriental Society, Supplement, 74, 1-7, é que ela afeta profundamente a sociedade e sua forma de pensar e agir: “The ancient Egyptians always shrank from the finality of carrying a series of concepts or a series of experiences on to their logical conclusions. They preferred to compromise or conciliate, to work things out on a topical basis, rather than to systematize experience into a set of working principles for the future. (…) it is impossible to claim that ancient Egypt formulated any ethical basis for government and law.”

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