Joãozinho é tão mineiro quanto pão de queijo e broa de milho. Muito embora lhe falte um talento mineiro essencial: a filhadaputagem, qualidade que ressalta a maldade mineira inerente a mineiridade mineira dos mineiros de Minas Gerais. Era um mestre da prestidigitação Garrinchiana que praticava amiúde. Ciscava de um lado, ciscava de outro, fingia que ia para a esquerda, ia para a direita e no fim esquecia a bola. Sua improdutividade era lendária, por isso era confundido com professor de economia da UFMG. Fez sucesso no tempo bom em que vagabunda mineira, que dava mais do que a loteria estadual, vinha apenas de família mineira tradicional, daquelas de 400 anos de putaria generalizada. Enfrentava com coragem os zagueiros Galomineiros e Yankeesmineiros que desciam a borracha com mais competência e gentileza do que a PM de MG. No tempo da ditadura, o Almirante Vascaíno Heleno Nunes vetou o seu nome na canarinho por ser um ponta da extrema esquerda. Fez parte do melhor time raposino de todos os tempos, campeão da Libertadores de 1976. No jogo de ida da final do mundial em Munique, entortou o lateral direito Sueco do Bayern, Andersson, mas a bola congelada conspirava contra o combativo cruzeiro que levou um sapeca yaya touré do gnomo tedesco Gerd Muller, o Romário Bávaro. Jogou quase 500 partidas pelo Cruzeiro, e assim como o time e a moeda teve um fim melancólico, indo jogar no Paraná onde conseguiu a proeza de ser um dos poucos que não comeram a dadivosa Senadora “Amante”.
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