Thursday, February 15, 2018

Craques Eternos do SB: Geraldão

Todo baiano quando desce do pau de arara em sumpaulo tem duas opções: vira pedreiro ou vai jogar no Corinthians. Geraldão não era baiano, mas jogava como pedreiro. Educado, tratava a bola de vossa excelência. Tinha o vigor de Jojo Toddynho e a delicadeza de Maguila. Jogando no time da estrela socialista solitária de Ribeirão Preto foi ele quem convenceu Socrates a se concentrar no futebol, porque estudar Medicina não dá para comprar a cesta básica composta de cachaça e vagabunda. Ademais, na selva qualquer um vira doutor, basta envergar um terno de tergal da Mesbla e calçar um 752 da Vulcabrás. Seu futebol encantava os conhecedores do esporte, como o livre-pensador Vicente Mateus. Sua principal jogada consistia em ficar na banheira, camuflado de zagueiro, esperando a gorduchinha quicar na sua frente para bicá-la com brandura, amor e compaixão para o gol mais escancarado que as pernas da Deborah Secco. Geraldão virou centroavante, artilheiro e ídolo de dois dos times mais detestáveis do Brasil: Corinthians e Internacional. Entrou para a história boleira do Rio Grande do Norte Austral ao escorar 5 gols nos Grenais decisivos de 1982, ano em que o tricolor gaucho jogava com a Cruz de Malta no peito, conquistando lindamente todos os vice-campeonatos possíveis.

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