Path dependence é um insight que alguns economistas estudando a adoção de tecnologias tiveram. Basicamente a idéia é de que as decisões passadas importam e de certa forma moldam ou guiam as decisões futuras. É um mundo anti-Markoviano por excelência. W. Brian Arthur fez fama e carreira nos fins dos anos 80 em cima da análise de sistemas não-lineares de Polya, onde incrementos ocorrem com probabilidades que são funções não-lineares das suas proporções atuais. A idéia seminal gerou pesquisa nas áreas de networks, cluster, e hysteresis.
Interessante notar que a literatura Russa exiba elementos de path dependence. Ela inicia com Pushkin e Gogol [ignorando o dinossauro Avvakum, um Padre Antônio Vieira vitaminado com cogumelos alucinógenos, e Fonvizin] que estabeleceram duas vias. Pushkin legou a simplicidade, lucidez e a plasticidade, enquanto Gogol inaugurou o subjetivismo desnaturado, a agitação da alma, o desespero e angústia do espírito. A herança de Gogol se encontra facilmente em Tolstoy e Dostoievsky; a de Pushkin vem a tona com muita força em Solzhenitsyn e Shalamov.
Gogol, sob a influência mística de um macumbeiro ortodoxo, passou dias a fio sem comer e sem dormir, rezando sem parar. Jogou os manuscritos do segundo volume de Almas Mortas na lareira, entrou no quarto, fechou a porta e começou a chorar, morreu alguns dias depois. Solzhenitsyn num pé de página do segundo volume de O Arquipélago Gulag relata um esporro que Shalamov lhe deu sobre uma passagem em Um Dia na Vida de Ivan Denisovitch: “Que papo furado é esse de um gatinho rodando em volta de suas pernas na enfermaria de um Gulag? Por que vocês não o mataram e comeram?”
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