Por Pedro Henrique Alves, publicado pelo Instituto Liberal
Certa vez escutei a seguinte frase num ônibus: “Cristo era ‘daora’, foda são os cristãos”; guarda lá suas verdades teológicas tal reflexão, mas gostaria de usá-la com outro propósito aqui. Eu sinceramente gosto dos escritos de Olavo de Carvalho ― aqueles que são mais próximos de mim sabem disso ― e, apesar de não concordar com tudo que ele escreve ou fala, nem de longe acho sua obra dispensável: seus livros possuem uma coerência interna e, para o bem ou para o mal, dependendo do tipo de filosofia que você se achega, estará diante de um manancial verdadeiro de riquezas. Apenas não trato Olavo como um semideus da filosofia; um ser inerrante, irretocável e incriticável. Ponto. Aliás, é assim que geralmente eu trato os notáveis: respeito, sempre; jamais, porém, os adoro.
Devemos sempre ter um olhar de curador e a sensibilidade dos olhos de uma águia para perceber aquilo que serve ou não para o nosso caráter e intelecto; radicalismos, brigas tolas e queimas de ideias por atacado, tais coisas realmente não são dignas de mentes evoluídas.
Mas a casta dos seguidores de Olavo ― não todos, mas um grupo nada pequeno de militantes ―, age como manada histérica, pessoas que ardorosamente defendem as posições de Olavo, não por julgarem-nas corretas após depuradas por análise centrada, mas simplesmente porque tais ideias vieram do Olavo. Agem como se o escritor fosse uma espécie de profeta autocrata, cujas ações e opiniões não podem ser contestadas sem que o califado fiel prontamente ataque o ousado transgressor que contesta a quase divindade.
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