Os torcedores, tolinhos, sempre pensaram que o maior jogador manauara de todos os tempos, Berg, era judeu ou alemão e, portanto, gênio, basicamente por causa da cabeleira pixaim oxigenada e do nome, que não era nome e sim apelido. Berg era da estirpe CCE do futebol: conserta, conserta e estraga. Passou a infância no pujante estado do Amazonas. Na estação da seca descia da floresta em cipó de plástico made in zona franca, fabricado com subsídio e superfaturado porque a cerveja e as vagabundas são mais caras na casa do caralho equatorial. Jogava cupuaçu como se bola fosse nos iguapós, sempre tomando cuidado para não ser engolido ou enrabado por uma jibóia. Fez carreira extraordinária no Botafogo, celeiro inesgotável de cabeças de bagres, onde se diferenciava como o único cabeça de pirarucu. No time da estrela socialista solitária virou ídolo dos jornalistas da Flapress afiliados ao Partidão, que eram legião. Tinha um potente chute de pé esquerdo, um 3 dedos só com o dedão do pé, uma espécie de estalinho, mas que fazia um estrago considerável se a bola do jogo era uma dente de leite e se a chuteira era um kichute neon. Jogou meia década no fogão e foi campeão estadual, isso, por si só, o transforma num herói da infeliz torcida de bumbum sofrente e desditoso.
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