Beijoca foi o maior cangaceiro do futebol. Matava a bola no peito e na peixeira. Tratava a gorduchinha com reverência, como se fosse um coco verde. Grande goleador no Bahia, fez parte de times antológicos jogando ao lado de monstros sagrados como Sapatão, Baiaco e Altimar. Ganhou uma porrada de vezes o campeonato baiano, sempre disputadíssimo por 6 ou 7 times, geralmente vencendo as partidas por W.O. ou catimbó. Era delicado como um bailarino, parecia um Baryshnikov de Xique-xique, gingando leve e suavemente rabos de arraia e queixadas nos pescoços dos adversários. Como todo soteropolitano tinha enorme talento musical e tocava a bola com a técnica refinada exigida pelo Berimbau. Centroavante trombador, nunca acumulou pontos na carteira de motorista. Seus paranauês na grande área deveriam ter sonoplastia de Charlinhos Brown mandando ver uma timbalada nos tambores do Pelor. Dada sua impressionante folha corrida nos campos da boa terra foi para o Flamengo em 1979, com carta de recomendação de Geddelinho Vieira. O mais querido do Brasil como sempre estava sedento por marginais de boa qualidade & procedência. Quando entrava em campo a torcida ia ao delírio. Não estava familiarizado com o funk carioca, com ritmo e letras mais complexos do que a bunda music baiana, mesmo assim Beijoca era sinônimo de festa para a mulambada, pois o pau comia em campo mais livre, leve e solto do que nos videos educativos da Anitta. Após a copa de 2002, a imprensa especializada de si mesmo afirmou que Beijoca era melhor do que Ronaldinho fenômeno. Desse modo, Beijoca ganhou a eternidade prenunciando o prodígio Obina.
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