Mikhail Zoshchenko era o mais famoso escritor da cultura da NEP, os anos 20 de relativa liberdade da nova política econômica que substituiu, após
o fim da guerra civil Russa, o comunismo de guerra rechaçado brutalmente pelos camponeses. Zoshchenko era um best seller, um satirista que retratava o dia a dia dos incontáveis fiascos do socialismo soviético. Seus contos são minúsculos, as sentenças escritas em linguagem simples são pequenas bombas, poderosas e paradoxais.
Zoshchenko era maníaco depressivo. Em sua autobiografia ele relata sua vida como uma luta contínua contra a doença. Confessa que o único período feliz foi lutando na primeira Guerra mundial, em que foi ferido e condecorado várias vezes. Ingressou no exército vermelho, mas serviu pouco tempo incapacitado pelos danos no coração e pulmão devido a ingestão de gases na luta contra a Alemanha. Relata que os problemas físicos eram ampliados pela melancholia. Após fracassados tratamentos decidiu ele mesmo examinar sua doença. De Freud usou o princípio de que os sonhos podem indicar a origem dos problemas pscicológicos e de Pavlov a idéia de que os reflexos condicionados podem remover o problema. Obviamente sua metodologia não resolveu nada.
No fim do verão de 1945 Isaiah Berlin o encontrou numa livraria em Leningrado, subnutrido e deprimido para variar. Berlin não conseguiu iniciar uma conversa com ele. No ano seguinte, Zoshchenko e Akhmatova foram alvos do Zhadanovismo, perseguidos e condenados. Zoshchenko teve a pensão retirada. Se vivesse dos livros que vendia aos milhares seria um bilionário. Morreu pobre e fodido vivendo de bico. Para completar a desgraça, além da injúria, vem a humilhação de escrever uma carta para Stalin, onde diz: "in Zoshchenko's world the idealists are the first to be broken, turning into boors at best, and at worst outright troglodytes. Zoshchenko insults not so much the power of tyrants as the overall power of matter over spirit, an "anatomical dependence".
O nexo entre Freud e Pavlov de Zoshchenko é importante porque revela uma das armas mais eficientes e duradouras do marxismo que permite seu estabelecimento, preservação e expansão. Freud é o segundo autor mais importante para o marxismo cultural, essencial para a Escola de Frankfurt. É através do aparelhamento e mistura de suas idéias com o marxismo por, entre outros, Marcuse, Erich Fromm e Reich, que permitiu a criação das influentes e nefastas ideologias da esquerda atual como a libertinagem sexual, o gayzismo e o feminismo. O maior objetivo dessas ideologias é a destruição da família tradicional, que é a base da nossa civilização.
O uso de Pavlov pelo Marxismo é menos reconhecido e discutido. Entre os estudiosos do totalitarismo soviético Robert Conquest é um dos poucos a identificar a evidente dívida de Stalin para com Pavlov. Pavlov era considerado pelo regime como o maior herói da ciência Russa [e, porque não, Soviética]. Foi o primeiro russo a ganhar um Nobel por seus trabalhos em fisiologia. O entendimento tacanho e limitado da obra de Pavlov [tanto por Zoshchenko quanto por Stalin] deu origem a 2 instrumentos capitais para a instauração e manutenção da tirania stalinista, o medo e a mentira: 1) Reflexos como reação a stress e dor fundamentam a doutrina soviética da tortura política na qual o torturado é obrigado a se incriminar e obedecer o torturador, pois, afinal, mais cedo ou mais tarde todas as pessoas quebram, independentemente da personalidade; 2) Do princípio do condicionamento clássico em que condições precedentes são usadas para alterar o comportamento, Stalin depreendeu que a mentira repetida inúmeras vezes funciona, permitindo-o ignorar suas contradições e reescrever a história para resolver seus problemas contemporâneos.
A grande ironia é que enquanto vivo, Pavlov foi um dos mais ativos e influentes críticos do regime comunista que abominava como a pior coisa do universo.
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