Um país que evoluiu da oca e senzala ao abismo, barbárie e caos, sem ter experimentado a civilização
Thursday, September 11, 2014
O Samovar e a Revolução
Quem gosta e admira a boa literatura necessariamente adora os clássicos russos, Tolstoy e Dostoievsky. Todas as grandes tragédias russas têm quatro componentes, três negativas, o desespero espiritual , a miséria material, a desolação do inverno tenebroso, e apenas um componente positivo, o samovar. É na presença do samovar que as personagens reúnem a força moral para continuar vivendo. É em torno do samovar, apreciando uma taça quente de chá que as pessoas conversam, convivem, se suportam, existem. O samovar representa a chama, o calor, o alimento, a esperança para o povo russo. Curiosamente é a ausência do Samovar que caracteriza a grandiosidade da literatura russa durante o inferno bolchevique. Ele está conspicuamente ausente na obra do gigantesco Solzhenitsyn em que todo o resto abunda: o desespero espiritual , a miséria material, a desolação do inverno tenebroso. Parece um pequeno detalhe, mas é a ausência do samovar que simboliza e sintetiza toda a desgraça do comunismo. O samovar é a tradição do povo russo, sua cultura, suas normas de convivência, sua civilização, tudo - que parece muito pouco pois é um objeto comum, barato, ordinário - que foi extraído, destruído pela revolução.
O Brasil não tem nada parecido com o samovar. O Brasil, culturalmente e etnicamente, é tão indigente quanto o seu próprio povo.
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