A Lições de Corrupção do Futebol Italiano

Nas Business Schools deveria haver uma disciplina dedicada ao estudo do campeonato italiano. É um verdadeiro show, os times competem entre si para saber quem é o melhor da temporada na sublime e tradicional arte da corrupção, o futebol em campo pouco importa. Há dois tipos de corrupção a do sul e a do norte. A do norte consiste na compra do juiz, é a especialidade da Juventus que ganhou todos os campeonatos na roubalheira dos juizes, mas a partir da década de 80 o atual primeiro ministro da Itália, Berlusconi, aprendeu a manejá-la com eficiência e o Milan se tornou uma força comparável a Juventus. O outro tipo de corrupção é a sulina que é menos competitiva porque deriva do comportamento parasitário e da preguiça inata dos sulistas. É especialmente forte nos times de Roma, e se caracteriza pela compra dos jogadores do time adversário. O jogo de hoje entre a Lazio e a Roma ilustra bem como funciona. A Lazio vencia por 1 a zero e no início do segundo tempo um pênalti contra a Roma foi marcado. O atacante da Lazio, obviamente comprado pela Roma, chutou, aliás, atrasou a bola para o goleiro, num episódio bisonho, grotesco, somente superado por dois outros lances na partida. Logo em seguida a perda do pênalti um atacante do Roma perdeu a bola na area da Lazio, mas um zagueiro da Lazio preocupado com o resultado que tirava a Roma da liderança do campeonato, decidiu dar um pontapé no atacante da Roma e um pênalti foi marcado a favor da Roma, que empatou o jogo. Mas o empate assim mesmo não era o suficiente para garantir a liderança do campeonato, o goleiro da Lazio, alvo óbvio da corrupção sulina, decidiu intervir e abaixou a cabeça na cobrança de uma falta para garantir a vitória e a liderança do campeonato para a Roma. O Brasil ainda engatinha nesse tipo de corrupção no futebol. Os times paulistas obviamente preferem o método nortista da compra de juízes, o que explica o domínio dos times paulistas no atual formato do campeonato brasileiro. O São Paulo e o Corinthians são os equivalentes a Juventus e ao Milan. Os times cariocas, devido a longa história do Rio de Janeiro como capital da república desenvolvendo um profundo espírito parasitário nos cariocas, preferem a compra dos jogadores adversários, que sendo mais cara, ineficiente e difícil aparentemente dá um gostinho melhor na vitória. O Flamengo é sem dúvida alguma o mestre nessa atividade, a decisão do campeonato carioca do ano passado ilustra o seu modus operandi, quando o Flamengo teve como principal artilheiro o zagueiro do Botafogo.